domingo, 3 de julho de 2011

Definitivo

Se a dor fosse incurável, o que poderia saciá-la? A resposta para tal dúvida inquietante é silenciosa, e não satisfaz uma alma cúmplice de sua própria destruição. Angustiada pela tal sede de lágrimas que desespera, faz com que suspire cansada dessa luta contra a eternidade.
Para saciá-la, seria preciso renascer das cinzas, e cobiçar calmamente a felicidade. Das ruínas de seu corpo, o ponto de partida que se parece tão distante; da ausência, a agonia interminável que deve ser superada. O sacrifício para se chegar ao equilíbrio exato entre a alegria e a racionalidade é o limite para o fim da sanidade e o começo de um surto. Os pecados cometidos enquanto se esquiva das catástrofes criadas por si mesma não podem ser levados em conta, dado o mistério que leva alguém a chegar a tal ponto desconhecido, e provavelmente, inexistente.
Seria considerado um milagre se, ao fechar suas pálpebras, os limites do abismo se desbotassem e em seu lugar as lembranças boas surgissem, tornando tolos aqueles que um dia duvidaram de que seria possível o lugar ser tomado por glória e êxtase.
Certamente, a dor seria saciada por delírios perseverantes que insistem em fazer aqueles em sã consciência cometer erros até o fim de suas vidas.

2 comentários:

  1. O que passou, passou. Mas o que ficou, fincado em nós está.

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  2. É como as estações, passam.
    Há invernos, outonos, verões e primaveras em nós, por mais que demorem, passam. Passaremos por todas elas, não tem como evitar.

    Flores e uma ventania
    de bons pensamentos, moça.

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